terça-feira, setembro 18, 2007

Walt Stanchfield 02: Quando atuar (desenhar) é uma arte

Projeto de Tradução: Walt Stanchfield
Traduzido por: Diego Stoliar
Original por: Animation Meat
www.seanima.org

Nós vínhamos usando exclusivamente caneta e tinta nas classes de esboço de gesto. A razão para isso era e é tentar transferir a função de desenhar para perto da mente e para longe da mão. Para eliminar a tendência de renderizar e para treinar o olho a ver o gesto de uma só vez ao invés de senti-lo no papel através de uma enxurrada de buscas e um excesso de linhas. Eventualmente o método de busca talvez seja o estilo que você vai usar numa animação, pois não haverá um modelo no qual se basear. Mas eu tenho defendido que numa situação de desenho com modelo a pose já está lá então procurar não é necessário. Usar a caneta nos força a destilar a essência da pose no olho da mente e só então desenha-la como a vemos.

Por outro lado usar um monte de linhas é quase que vagar sem rumo, o que eu não estou descartando, mas que pode se tornar um habito e podemos acabar contando com isso para acidentalmente colocar as coisas em linhas incertas, das quais tudo que teríamos que fazer é escolher as melhores. É claro que quando não houver modelo e quando um gesto necessário não estiver claro, para todos os efeitos, comece a procurar.

Por outro lado, usando nosso senso cinético de movimento que enfatizamos na sessão de desenho gestual - O sentir a pose em nosso corpo - O "viver" a pose - e isso estando em conjunto com o gesto e "compreendido", vai em todos os sentidos ser um atalho para a captura disso no papel. Os dois métodos de desenho são incomparáveis. Mas eu penso que é importante saber a diferença e ser capaz de saber usar os dois de acordo com a vontade.

Stanislavski, em seu livro, a "Preparação do Ator" diz "... a base orgânica na qual nossa arte é fundada vai protege-lo no futuro de seguir o caminho errado." A "base orgânica" da qual ele fala é essa empatia emocional e esses gestos corporais naturais que lutamos para ver e saber - Saber em nossos próprios corpos e mentes para que possamos transferi-los para o papel, pois como Stanislavski diz "... Se não estamos vivendo nossa arte, a imaginação evapora e é substituída por um pretensioso vazio teatral "

Em outra página ele escreve, "... na nossa arte você deve viver o papel a cada momento que o está interpretando, e a todas as vezes. " E contínua em outra página, "... Você deve ser muito cuidadoso no uso do espelho. Ele ensina um ator a ver o lado de fora ao invés do lado de dentro". Em nossas aulas não estamos usando um espelho, mas estamos usando um modelo, que não é diferente de um espelho se apenas o copiarmos.

Stanislavski avisa, "... nunca se permita mostrar nada externamente que você não tenha experimentado por dentro e que não é interessante para você"

Traduzindo isso tudo para desenhando do modelo: Copiar ou desenhar por fórmula, ou melhor, com diagramas anatômicos, símbolos de formas e partes, ou copiar fotograficamente seria simplesmente desenhar por números. Existe mesmo um tipo de "linguagem corporal" universal, mas ela difere com cada pessoa (ou personagem) que a usa.

A reação de Charlie Chaplin a alguns estímulos particulares como tristeza ou alegria pode ser emocionalmente a mesma que a de John Wayne, mas seria bem diferentes em termos de gesto. Se você tentasse imitar esses atores, o resultado viria da sua imagem mental dos gestos deles com um ajuste dos seus movimentos corporais para reproduzir os deles. Isso é exatamente o que fazemos quando desenhamos o gesto de um modelo, exceto que não o imitamos com o nosso corpo, usamos uma caneta ou lápis.

Tudo acima é apenas para dizer - Veja na mente, e sinta no corpo, antes de tentar desenhar no papel.